- https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/farmacologia-cl%C3%ADnica/farmacocin%C3%A9tica/distribui%C3%A7%C3%A3o-do-f%C3%A1rmaco-aos-tecidos
- https://www.editorasanar.com.br/blog/farmacocinetica_tudo_que_voce_precisa_saber
Volume de distribuição
Classificação ATC: Anatomical Therapeutic Chemical Classification System
Grupos anatômicos/ Farmacológicos:
Uso terapêutico ou classe farmacológica
Apenas um código ATC para cada via de administração
- https://www.whocc.no/atc/structure_and_principles/
Programação: Ciclo da assistência farmacêutica
- Para identificar as quantidades de medicamentos necessárias ao atendimento da demanda da população.
- Para evitar compras e perdas desnecessárias, assim como descontinuidade no suprimento.
- Para definir prioridades dos medicamentos a serem adquiridos, frente à disponibilidade de recursos.

- Dados de consumo e demanda (atendida e não atendida) de cada produto, incluindo as sazonalidades, estoques existentes, e considerando a descontinuidade no fornecimento; os dados devem ser baseados num eficiente sistema de informações e gestão de estoques.
- Perfil epidemiológico local (morbimortalidade) - para que se possa conhecer as doenças prevalentes e avaliar as necessidades de medicamentos para intervenção.
- Dados populacionais.
- Conhecimento prévio da estrutura organizacional da rede de saúde local (níveis de atenção à saúde, oferta e demanda dos serviços, cobertura assistencial, infra-estrutura, capacidade instalada e recursos humanos).Recursos financeiros disponíveis, para priorizar o que deve ser adquirido para a rede.
- Mecanismo de controle e acompanhamento.
- Integrar com as áreas técnicas afins.
- Elaborar formulários apropriados para registrar todas as informações de interesse no processo.
- Escolher os métodos e critérios a serem utilizados para elaborar a programação, definindo o período de cobertura.
- Proceder a levantamentos de dados de consumo, demanda e estoques existentes de cada produto, considerando os respectivos prazos de validade.
- Analisar a programação dos anos anteriores.
- Estimar as necessidades reais de medicamentos.
- Elaborar planilha constando a relação dos medicamentos, contendo as especificações técnicas, as quantidades necessárias e o custo estimado para a cobertura pretendida no período.
- Encaminhar ao gestor planilha elaborada para que seja realizada a aquisição dos medicamentos.
- Acompanhar e avaliar.
- Perfil Epidemiológico: Esse método baseia-se, fundamentalmente, no perfil nosológico e nos dados de morbimortalidade, considerando: dados populacionais, esquemas terapêuticos existentes e freqüência com que se apresentam as diferentes enfermidades em uma determinada população. O método inicia-se com um diagnóstico situacional de saúde da população. Nele são analisadas as enfermidades prevalentes, nas quais devem incidir as ações de intervenção sanitária, que possam gerar impacto no quadro de morbimortalidade. Devem-se, também, considerar a capacidade de cobertura e a captação dos serviços de saúde.
- Consumo Histórico: Consiste na análise do comportamento de consumo do medicamento numa série histórica no tempo, possibilitando estimar as necessidades. Nesse caso, são utilizados os registros de movimentação de estoques, dados de demanda (atendida e não atendida), inventários com informações de, pelo menos, 12 meses, incluídas as variações sazonais (que são alterações na incidência das doenças, decorrentes das estações climáticas). Com esses dados, consolidam-se as necessidades, desde que não ocorram faltas prolongadas de medicamentos e que as informações fornecidas sejam confiáveis. A programação baseada exclusivamente em dados de consumo pode refletir equívocos decorrentes da má utilização de medicamentos, nem sempre adequados à terapêutica.
- Oferta de Serviços: É utilizado quando se trabalha em função da disponibilidade de serviços ofertados à população-alvo. É estabelecido pelo percentual de cobertura, não sendo consideradas as reais necessidades existentes.
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- Percentual de itens de medicamentos programados x medicamentos adquiridos (em quantidade e recursos financeiros).
- Percentual de demanda atendida X não atendida.
- Percentual de medicamentos (itens e/ou quantidades) programados X não utilizados.
- Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica. Gerência Técnica de Assistência Farmacêutica. Assistência Farmacêutica: instruções técnicas para a sua organização / Ministério da Saúde, Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica. Gerência Técnica de Assistência Farmacêutica - Brasília: Ministério da Saúde, 2001. Retirado de http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cd03_15.pdf
- Planejamento, Programação e Aquisição: prever para prover. Rebeca Mancini Pereira. https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_docman&view=download&alias=1538-planejamento-programacao-e-aquisicao-prever-para-prover-8&category_slug=serie-uso-racional-medicamentos-284&Itemid=
- https://www.crf-pr.org.br/uploads/pagina/28611/ZQ2HMX-Gb75w6oHOo2KZnJ2WXKik9c7w.pdf
Seleção: Ciclo da assistência farmacêutica
SELEÇÃO
- Possibilitar maior eficiência no gerenciamento do Ciclo da Assistência Farmacêutica.
- Disponibilizar medicamentos eficazes e seguros, voltados para as necessidades da população.
- Contribuir para promoção do uso racional de medicamentos.
- Racionalizar custos e possibilitar maior otimização dos recursos disponíveis.
- Permitir a uniformização de condutas terapêuticas, disciplinando o seu uso.
- Facilitar o fluxo de informações.
- Propiciar melhores condições para prática da farmacovigilância.
- Desenvolver e facilitar o estabelecimento de ações educativas para prescritores, dispensadores e usuários.
- Sensibilizar o gestor para a importância da seleção. A elaboração e a execução de uma seleção requerem decisão e apoio político do gestor. Para tanto, devem-se apresentar argumentos técnicos, que demonstrem a importância de uma Relação de Medicamentos Essenciais - RME mediante análise das prescrições na rede de saúde, número de itens de medicamentos, gastos efetuados/mês, dados de consumo e demanda, situação de saúde local, entre outras informações relevantes, para a racionalização do uso de medicamentos e da utilização dos recursos financeiros disponíveis.
- Buscar o apoio dos profissionais de saúde. Envolver o número mais representativo possível de profissionais de saúde, para que a Relação de Medicamentos seja referendada.
- Levantar as informações necessárias ao desenvolvimento do trabalho.
- Situação de saúde local (dados de morbimortalidade por grupo populacional, faixa etária, prevalência e incidência das doenças).
- Medicamentos mais utilizados, demanda e custos.
- Referências bibliográficas para subsidiar o processo de trabalho, utilizando, por exemplo, a Relação Nacional de Medicamentos Essenciais - Rename, a Relação Estadual de Medicamentos Essenciais - Resme e outras.
- Constituir Comissão de Farmácia e Terapêutica - CFT, por meio de instrumento legal, para legitimar o processo, envolvendo os profissionais de saúde (médicos, farmacêuticos, enfermeiros e dentistas) e estabelecendo normas e critérios para o seu funcionamento (Estatuto).
- Estabelecer critérios para: a inclusão e exclusão de medicamentos; os medicamentos de uso restrito (exemplo: psicofármacos e antimicrobianos); a prescrição e a dispensação; a periodicidade da revisão. Obs: Somente incluir medicamentos se comprovada a vantagem em relação aos medicamentos já selecionados.
- Identificar referências bibliográficas e disponibilizar material para subsidiar a execução dos trabalhos.
- Selecionar os medicamentos de acordo com o perfil epidemiológico local
- Priorizar os medicamentos considerados básicos e indispensáveis para atender à maioria dos problemas de saúde da população.
- Comparar custo/tratamento.
- Analisar as informações levantadas e definir o elenco de medicamentos que irá constituir a RME.
- Relacionar os medicamentos por grupo terapêutico, utilizando a denominação genérica e especificações (concentração, forma farmacêutica e apresentação).
- Promover fórum de discussão para submeter a RME à apreciação dos demais profissionais de saúde da rede, que não tenham participado diretamente do processo.
- Estruturar a apresentação da RME, definindo a forma e tipos de anexos a serem incluídos (formulários, portarias, legislação e informações complementares).
- Publicar, divulgar, distribuir.
- Avaliar a utilização na rede de saúde. Reconhecendo a importância da seleção para definição de uma Política de Medicamentos, a Organização Mundial da Saúde elaborou e publicou no Relatório Técnico n° 615, de 1997, critérios técnicos a serem observados na seleção de medicamentos, entre os quais:
- Utilizar a Denominação Comum Brasileira - DCB ou a Denominação Comum Internacional - DCI.
- Selecionar medicamentos que possuam eficácia e segurança terapêutica comprovadas.
- Observar: disponibilidade no mercado; menor risco/benefício; menor custo/tratamento; maior estabilidade e propriedade farmacocinética mais favorável; apresentação de melhor comodidade de uso para o paciente; facilidade de armazenamento.
- Assessorar a Gerência de Assistência Farmacêutica nos assuntos referentes a medicamentos.
- Produzir material informativo sobre medicamentos.
- Validar protocolos terapêuticos.
- Desenvolver ações educativas.
- Promover e apoiar programa de educação continuada.
- Informações terapêuticas e farmacológicas – manifestações gerais das doenças, descrição do medicamento, características farmacológicas do medicamento, indicação, contra-indicação, precauções, posologia, via de administração, duração do tratamento, interações, efeitos adversos.
- Informações farmacêuticas - nome genérico, grupo terapêutico, forma farmacêutica, concentração, apresentação; recomendações gerais quanto à prescrição, dispensação e cuidados com os medicamentos.
- Percentual de redução no número de especialidades farmacêuticas, após implantação da Relação de Medicamentos Essenciais - RME.
- Percentual de redução dos custos por tratamento.
- Percentual dos profissionais que prescrevem pela RME.
- Percentual de prescrição pela RME
REFERÊNCIAS
- Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica. Gerência Técnica de Assistência Farmacêutica. Assistência Farmacêutica: instruções técnicas para a sua organização / Ministério da Saúde, Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica. Gerência Técnica de Assistência Farmacêutica - Brasília: Ministério da Saúde, 2001. Retirado de http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cd03_15.pdf
Fosfato de Oseltamivir para influenza
Inibidor seletivo da neuraminidase (NAI). O oseltamivir se liga a Neuraminidase (NA) do Influenza e impede-a de clivar o ácido siálico. Assim, o vírus continua preso à célula após sair. |
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Suspensão oral |
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Cápsulas: 30mg, 45mg e 75mg |
Categoria de risco na gravidez: B. Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica.
Efeitos colaterais

BIBLIOGRAFIA:
- http://blog.h1n1.influenza.bvsalud.org/pt/2009/09/08/molecula-do-mes-apresenta-hemaglutinina-e-neuraminidase/
- http://blog.h1n1.influenza.bvsalud.org/pt/2009/10/12/antivirais-e-resistencia-inibidores-de-sialidase/
- Informações técnicas e recomendações sobre a sazonalidade de influenza 2019. http://portalarquivos2.Saude.Gov.Br/images/pdf/2019/marco/19/informa----es-t--cnicas-e-recomenda----es-sobre-a-sazonalidade-da-influenza-2019-20-03-2019.Pdf
- Protocolo de tratamento de influenza: 2017 [recurso eletrônico] / ministério da saúde, secretaria de vigilância em saúde, departamento de vigilância das doenças transmissíveis. – Brasília : ministério da saúde, 2018. http://bvsms.Saude.Gov.Br/publicacoes/protocolo_tratamento_influenza_2017> http://www.Prefeitura.Sp.Gov.Br/cidade/secretarias/upload/chamadas/protocolo_prescricao_oseltamivir_1_1460671262.Pdf
- Bula Farmanguinhos Oseltamivir Http://www.Anvisa.Gov.Br/datavisa/fila_bula/frmvisualizarbula.Asp?Pnutransacao=18583222016&pidanexo=3550822 –Http://portalarquivos2.Saude.Gov.Br/images/pdf/2019/marco/01/informe-cp-influenza-29-02-2019-final.Pdf
Doença de Wilson
Manifestações clínicas
Diagnóstico
Tratamento
- D-penicilamina: (distribuída no Brasil pela Merck Sharp & Dohme, com o nome de CUPRIMINER). Fármaco de Primeira linha. Dr. John Walshe foi o primeiro que descreveu o uso de penicilamina na doença de Wilson, em 1956. Ele tinha descoberto o composto na urina de pacientes (incluindo dele próprio) que tinham tomado penicilina, e experimentalmente confirmou que aumento da excreção urinária de cobre por quelação. É a forma mais importante de quelação do cobre, com aumento da excreção urinária. Dose: 20mg/kg/d. Duas a quatro doses diárias são administradas, com dose total variando de 1-2 g/dia. Plaquetopenia e leucopenia são complicações importantes, ocorrendo também anemia aplástica e agranulocitose. Toxidade renal (proteinúria e hematúria) é reversível. Em algumas situações, mesmo após a suspensão da droga, ocorre progressão para síndrome nefrótica e glomerulonefrite membranosa. Em caso de piora dos sintomas neurológicos, o tratamento consiste na redução da dose da medicação. Pode ser necessária a troca da medicação por outro agente quelante ou sais de zinco, todavia as manifestações neurológicas nem sempre regridem. A medicação é segura durante a gravidez. O uso de penicilamina e o diagnóstico precoce, modificaram radicalmente o prognóstico da moléstia. Seu uso continuado possibilita regressão e acentuada melhora das alterações hepáticas, neurológicas e psiquiátricas.
- Trientine (trietilenotetramina): do mesmo laboratório, nome comercial= SYPRINER, ainda não disponível no Brasil. Fármaco de Segunda linha. É uma alternativa bem razoável para os pacientes com reações colaterais importantes à D-penicilamina. Também aumenta a excreção urinária, porém é menos potente. É efetivo por via oral, com dose máxima de 2 g por dia para adultos e 1,5 g para crianças, divididas em duas a quatro tomadas, em jejum. Infelizmente, pacientes que apresentam reações adversas à D-penicilamina, como formas graves de lúpus e lesões renais, podem também ser suscetíveis ao trientine.
- Tetratiomolibdato: ainda não foi incorporado à prática clínica.
- Acetato ou Sulfato de Zinco: Fármaco de Terceira linha. Age bloqueando a absorção de cobre pelo trato intestinal. Sua maior vantagem é a ausência de efeitos colaterais. O zinco induz a síntese de metalotioneína (proteína carreadora de metais que oferece sítios de ligação para o cobre livre). Acredita-se que a diminuição da absorção do cobre deva-se à indução da metalotioneína intestinal, que se ligaria ao cobre absorvido na mucosa intestinal. Em conseqüência à descamação da mucosa intestinal, o cobre seria eliminado nas fezes. Poderia também ocorrer indução de uma metalotioneína hepática, que transformaria o cobre tissular em não-tóxico. Os sais de zinco devem ser reservados para tratamento de manutenção, após o paciente ter sido eficazmente tratado com quelantes de cobre. Há quem o considere indicado no tratamento inicial de pacientes assintomáticos e de mulheres grávidas. A dose de sulfato de zinco é de cerca de 200 mg, três vezes ao dia (75-300 mg/dia do zinco elemento), 30-60 minutos antes das refeições. A administração com o estômago vazio justifica-se porque muitas substâncias presentes na dieta previnem a eficácia da medicação. O efeito colateral mais comumente observado com o uso do sal sulfato é a irritação gástrica, que pode ser contornada com sua substituição pelo sal acetato, que é melhor tolerado e deve ser empregado também em três doses diárias de 170 mg cada.
Questões de concurso
(A) Alta atividade de fosfatase ácida e ceruloplasmina aumentada.
alcalina.
(A) Doença de Dubin-Johnson.
a) HBsAg.
b) Perfil lipídico.
c) Proteinograma sérico.
d) Dosagem sérica de cobre.
Fonte
- http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2014/abril/02/pcdt-doenca-de-wilson-livro-2013.pdf
- http://www.scielo.br/pdf/anp/v63n1/23622.pdf
- http://www.scielo.br/pdf/anp/v22n4/03.pdf
- https://ghr.nlm.nih.gov/gene/ATP7B
- https://www.laboratoriobehring.com.br/pdfs/?id=303
- https://periodicos.ufsm.br/revistasaude/article/viewFile/6396/3874
- http://www.hepcentro.com.br/wilson.htm
- http://www.saudedireta.com.br/docsupload/1332008798Doenca%20Wilson.pdf
Evolução histórica da farmácia: dos boticários aos cuidados farmacêuticos contemporâneos
A história da profissão farmacêutica revela-se como um fascinante entrelaçamento entre ciência, arte e humanismo. Desde os primeiros curandeiros, que empiricamente descobriram as propriedades medicinais de plantas, até os modernos farmacêuticos clínicos, integrados em equipes multidisciplinares de saúde, a história da farmácia reflete não apenas a evolução científica, mas também transformações socioculturais profundas.
Origens e Pioneiros: Alicerces do Conhecimento Farmacêutico
Os
primórdios da farmácia remontam à antiguidade, quando o homem buscava na
natureza soluções para suas enfermidades. Hipócrates "o Asclepíade de
Cós" (460-377 a.C.), considerado o "Pai da Medicina",
estabeleceu as primeiras bases científicas para o tratamento de doenças,
afastando-se das explicações sobrenaturais e místicas. Seu legado ético
continua a inspirar profissionais de saúde em todo o mundo, recordando-nos que
o conhecimento técnico deve sempre caminhar lado a lado com princípios
humanistas.
No
primeiro século da era cristã, Pedanius Dioscórides, médico, farmacologista,
botânico grego, revolucionou o estudo das plantas medicinais, transformando a
botânica em uma ciência aplicada à farmácia. Seu tratado "De matéria
médica" tornou-se referência fundamental para gerações de praticantes,
lançando as bases da farmacognosia – o conhecimento sistemático sobre fármacos
naturais.
Cláudio Galeno (130-200 d.C.), por sua vez, é frequentemente considerado o "Pai da Farmácia" por suas contribuições excepcionais. Suas técnicas de preparação de substâncias vegetais foram tão inovadoras que originaram o termo "Farmácia Galênica", designando uma área específica da farmácia relacionada à arte de preparar medicamentos.
A Emancipação Profissional: Um Marco Decisivo
Um
dos momentos mais significativos na trajetória farmacêutica foi sua emancipação
da medicina. Inicialmente, as duas profissões eram indissociáveis – o mesmo
profissional diagnosticava doenças e preparava medicamentos. Como destaca o
Conselho Regional de Farmácia do Ceará, "a medicina e a farmácia eram uma
só profissão" até aproximadamente o século X.
A
separação começou a ocorrer gradualmente na Europa medieval. Em Arles, França,
posturas municipais de 1162 já indicavam uma distinção entre as duas
profissões. No entanto, o evento decisivo foi o Édito de Melfi, promulgado pelo
Imperador Frederico II em 1240, que oficializou a separação das profissões no
reino das Duas Sicílias.
Este
documento revolucionário reconheceu que "o fato de a prática da farmácia
requerer conhecimento, habilidades, iniciativas e responsabilidades especiais,
com o objetivo de garantir um cuidado adequado às necessidades medicamentosas
das pessoas" justificava a separação profissional.
A Farmácia no Brasil: Do Período Colonial à Institucionalização
No
Brasil, a história da farmácia tem contornos particulares que refletem nosso
desenvolvimento como nação. Segundo a Inovafarma, "na história colonial do
Brasil conduzido pelos portugueses, a farmácia (chamada até então de botica)
foi trazida para as terras tupiniquins logo após meados do ano de 1520, quando
enfim a coroa Portuguesa envia para as brasileiras medicamentos e produtos com
fins terapêuticos."
As
boticas não eram apenas locais de dispensação de medicamentos, mas verdadeiros
centros de conhecimento. Os boticários manipulavam remédios, estudavam plantas
medicinais e atuavam como conselheiros de saúde em suas comunidades. De acordo
com a Opus PAC, "as boticas não eram apenas pontos de venda de
medicamentos, eram verdadeiros centros de conhecimento e sabedoria."
Um
marco importante para a profissionalização da farmácia no Brasil foi a fundação
da Escola de Farmácia de Ouro Preto em 1839, considerada o primeiro curso de
farmácia da América Latina. Este foi um momento-chave para a
institucionalização do ensino farmacêutico no país.
A
Consolidação da Profissão Farmacêutica no Brasil
A
evolução da profissão farmacêutica no Brasil foi marcada por diversos marcos
regulatórios e institucionais. Em 1931, houve a publicação do Decreto nº19606
dispondo sobre o exercício da profissão farmacêutica no país. Em 1960, ocorreu
a criação do Conselho Federal de Farmácia (CFF) e dos Conselhos Regionais de
Farmácia (CRF), estabelecendo bases sólidas para a regulamentação e
fiscalização profissional.
A
publicação do Anteprojeto de Lei nº 2.304, em 1970, representou outro avanço
significativo ao estabelecer que farmácias e drogarias devem funcionar
obrigatoriamente sob responsabilidade técnica de farmacêutico.
Da Dispensação aos Cuidados Farmacêuticos: Ampliando Horizontes
Nas
últimas décadas, testemunhamos uma transformação profunda no papel do
farmacêutico. Como observa o estudo "Tendências e desafios na evolução da
Farmácia Clínica", houve "uma transição do tradicional papel de
dispensador de medicamentos para um agente central na gestão integrada da
saúde, destacando a importância da abordagem centrada no paciente."
O
conceito de Atenção Farmacêutica ou Cuidados Farmacêuticos representa o ápice
dessa evolução, colocando o paciente como principal beneficiário da atuação
farmacêutica. O medicamento passa a ser visto como instrumento, não como fim, e
o farmacêutico integra-se ativamente às equipes multidisciplinares de saúde.
Revisado em 19/03/2025
Referências
- Conselho Regional
de Farmácia do Ceará (CRF-CE). História.
Disponível em: https://crfce.org.br/farmaceutico/conheca-sua-profissao/atribuicoes-e-esclarecimentos/.
Acesso em: 19 mar. 2025.
- A história da
farmácia no Brasil e em países lusófonos. [PDF]. Disponível em: https://faculdadedofuturo.com.br/wp-content/uploads/2023/05/A-Hist%C2%BEria-Da-Farmscia-No-Brasil-E-Em-PaYses-Lus%C2%BEfonos-1.pdf.
Acesso em: 19 mar. 2025.
- UNIFAR. A evolução
histórica das farmácias e drogarias - Parte 2. Disponível em: https://www.unifar.com.br/a-evolucao-historica-das-farmacias-e-drogarias-parte-2/.
Acesso em: 19 mar. 2025.
- Conselho Federal
de Farmácia (CFF). Perfil do farmacêutico no Brasil. [PDF]. Disponível
em: https://www.cff.org.br/userfiles/file/Perfil%20do%20farmac%C3%AAutico%20no%20Brasil%20_web.pdf.
Acesso em: 19 mar. 2025.
- OPUS PAC. Breve
História da Farmácia: Passado e futuro. Disponível em: https://opuspac.com/breve-historia-da-farmacia-passado-e-futuro/.
Acesso em: 19 mar. 2025.
- INOVAFARMA.
Resumo: História da farmácia no Brasil e Indústria Farmacêutica.
Disponível em: https://www.inovafarma.com.br/blog/historia-da-farmacia-no-brasil/.
Acesso em: 19 mar. 2025.
- DIMASTER. Início
da Ciência Farmacêutica. Disponível em: https://www.dimaster.com.br/noticia/Inicio-da-Ciencia-Farmaceutica?idnot=44.
Acesso em: 19 mar. 2025.
- COSTA, C. N. M. et
al. Tendências e desafios na evolução da farmácia clínica: o papel
crescente do farmacêutico na gestão da saúde. [PDF]. Disponível em: https://periodicorease.pro.br/rease/article/download/12910/6299/25809.
Acesso em: 19 mar. 2025.
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A diluição geométrica é um método utilizado para assegurar que pequenas quantidades de pós, geralmente fármacos potentes, estejam distribuí...
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A Tabela Periódica dos Elementos Químicos atual possui filas horizontais e cada uma delas representa um período ou série. A Tabela Periódic...
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E sse texto não consta nas bíblicas protestantes, pois o Eclesiástico não faz parte do cânon da Bíblia Hebraica, ou seja, chegou até nós som...