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Cuidados com a Água para consumo humano

Ao utilizar água de poço, rios (que não seja da distribuição pública, ou seja, tratada) ou durante uma inundação é possível que a água e os alimentos não estejam em condições adequadas de consumo, exigindo, desta forma, procedimentos básicos para garantir sua qualidade para o consumo.
Sempre filtre (com filtro doméstico, coador de papel ou pano limpo) e ferva a água antes de beber. A fervura da água elimina bactérias, vírus e parasitas que podem causar doenças; por isso, é o método preferencial para tratamento da água de consumo humano. 
Caso não seja possível ferver, obtenha água de uma fonte que não tenha sido contaminada por esgoto e realize a filtração e coloque hipoclorito de sódio (2,5%).
http://media.fazfacil.com.br/2012/10/mat_agua.gif

Quais são as doenças mais comuns relacionadas com a água contaminada?
  • Intoxicação causadas por agentes químicos;
  • Febre tifóide;
  • Cólera;
  • Hepatite A;
  • Sintomas mais comuns: diarréias, vômitos, febre e dores abdominais.

Utilização do Hipoclorito de sódio 2,5%

A água pode transmitir doenças para as pessoas, especialmente para as crianças. Quando por exemplo, a origem da água é duvidosa ou uma cisterna é mal construída, é necessário protegê-la de possíveis contaminações e ainda desinfetar a água do poço. O melhor desinfetante para a água de consumo humano é o hipoclorito de sódio 2,5% e uma maneira prática de aplicá-lo é através do uso de cloradores por difusão.
O Hipoclorito de sódio 2,5% pode ser comprado nos mercados, quitandas, sacolão ou farmácias.

Preparo de Água para Consumo Humano:

Diluição: 2 gotas de Hipoclorito de sódio 2,5% a cada 1 litro de água filtrada;
  • Deixar repousar por 30 minutos.

CUIDADOS IMPORTANTES:

  1. Ferver a água de 1 a 5 minutos;
  2. Filtre a água e clore a água da parte inferior do filtro adicionando 2 gotas de água sanitária para cada litro de água;
  3. Nunca beber água não potável;
  4. Beber água filtrada e clorada;
  5. Lavar sempre as mãos antes das refeições;
  6. Use um filtro central e clore a água filtrada, no reservatório;
  7. Mantenha o filtro sempre limpo. Use SOMENTE água corrente para lavar as velas dos filtros domésticos, trocando-as quando estiverem gastas;
  8. Para cloração a ser realizada na sua caixa d’água, a mesma deve estar limpa. A aplicação do produto deve ser feita diariamente;
  9. Na cisterna use o clorador por difusão.

Recipientes para armazenamento de água
Diluição: 15ml de Hipoclorito de sódio 2,5% a cada 1 litro de água filtrada
  1. Lavar o recipiente com água e sabão;
  2. Enxaguar o recipiente;
  3. Misture o hipoclorito de sódio (2,5%) com a água (conforme diluição 
  4. acima) e jogue no recipiente; 
  5. Cubra o recipiente e agite a solução para que toque todas as superfícies 
  6. interiores;
  7. Deixe o recipiente coberto por 30 minutos; 
  8. Enxágüe com a água para consumo humano.

Lavagem habitual de frutas, verduras e legumes:
Diluição: 15ml de Hipoclorito de sódio 2,5% a cada 1 litro de água filtrada
  1. Lavar com água para consumo humano e sabão;
  2. Enxaguar com água para consumo humano;
  3. Desinfete usando a solução de hipoclorito de sódio 2,5% e água;
  4. Deixar secar naturalmente.


Embalagens, superfícies, pisos e utensílios domésticos que entraram em contato com a água da enchente:
Diluição: 200ml de Hipoclorito de sódio 2,5% a cada 800ml de água.

  1. Para utensílios: lavar normalmente e depois mergulhar os objetos na solução por uma hora;
  2. Pisos, paredes, bancadas, etc: umidecer um pano na solução e passar nas superfícies e deixar secar naturalmente.

Instruções para limpeza de uma caixa d'água
  1. Feche o registro impedindo que entre água na caixa d'água;
  2. Esvazie a caixa d'água abrindo todas as torneiras da casa;
  3. Quando a caixa estiver quase vazia, tampe as saídas para que a água suja que restou seja usada na limpeza e para que a sujeira não desça pelo cano. Esfregue as paredes e o fundo da caixa;
  4. Use somente panos e escova para a limpeza (nunca use sabão, detergente ou outros produtos de limpeza);
  5. Retire a água e o material que restaram da limpeza usando pá, balde e panos, deixando a caixa totalmente limpa;
  6. Deixe entrar água na caixa até encher, colocando um litro de água sanitária para cada mil litros de água;
  7. Não use de forma alguma esta água nas duas horas seguintes;
  8. Passadas estas duas horas feche o registro ou a bóia de entrada para não entrar água na caixa;
  9. Esvazie a caixa pelas torneiras usando esta água para limpar e desinfetar os canos;
  10. Tampe a caixa para que não entre pequenos animais e poeira;
  11. Anote do lado de fora a data da limpeza;
  12. Finalmente abra a entrada de água. Esta água já pode ser usada.


Água Sanitária: Soluções aquosas à base de hipoclorito de sódio ou cálcio, com teor de cloro ativo entre 2,0 a 2,5% p/p, durante o prazo de validade (máximo de 6 meses). Produto poderá conter apenas hidróxido de sódio ou cálcio, cloreto de sódio ou cálcio e carbonato de sódio ou cálcio como estabilizante. Pode ter ação como alvejante e de desinfetante de uso geral.
Para uso na água de consumo humano é utilizado a água sanitária à base de hipoclorito de sódio.


Você sabia?
O Dia Mundial da Água foi criado pela ONU (Organização das Nações Unidas) no dia 22 de março de 1992. O dia 22 de março, de cada ano, é destinado a discussão sobre os diversos temas relacionadas a este importante bem natural.




FONTE


  • http://www.cve.saude.sp.gov.br/htm/hidrica/folder/agua_folder_novo.pdf
  • http://bvsms.saude.gov.br/bvs/folder/cuidados_agua_consumo_humano_2011.pdf
  • http://cadernodefarmacia.blogspot.com/2012/12/norma-de-qualidade-da-agua-para-consumo_8150.html
  • http://www.cban.com.br/v2/?p=388
  • http://www.dec.ufcg.edu.br/saneamento/A3.html
  • http://www.ct.gov/dph/lib/dph/drinking_water/pdf/water_boil_faq_brazilian_portuguese.pdf
  • http://portal.anvisa.gov.br/wps/content/Anvisa+Portal/Anvisa/Inicio/Saneantes/Assunto+de+Interesse/Tipos+de+Produto/Agua+Sanitaria
  • http://www.tuasaude.com/hipoclorito-de-sodio/

Prática de Análise granulométrica

A análise granulométrica consiste na determinação das dimensões das partículas que constituem as amostras.
O método de tamisação envolve o uso de um conjunto de tamises padrão compreendendo a faixa de tamanho requerida. Os tamises são sobrepostos em ordem decrescente, o pó é colocado no tamis situado acima, os tamises são submetidos à agitação, a quantidade de pó retida sore cada um deles é pesada e é realizado o cálculo.

Granulometria de 100g de sacarose

Objetivo: Determinação do tamanho das partículas e da sua distribuição em determinado intervalo.

O objetivo da análise granulométrica em farmácia é obter dados quantitativos sobre o tamanho, a distribuição e a forma do fármaco e de outros componentes usados em formulações farmacêuticas.

Materiais e métodos

  • Vidro de relógio 
  • Espátula 
  • Balança semi-analítica de prato largo 
  • Tamis 
  • Gral 
  • Pistilo 
  • Analisador granulométrico
a) Agitador eletromagnético (Analisador granulométrico) e Tamis para análise granulométrica. 
b) Distribuição das partículas nos Tamis. 

Tamis: Formada por uma fina malha, circundada geralmente por bronze ou metal inoxidável por onde passam principalmente pós, com a finalidade de reduzir o tamanho de partícula e produzir pós com tamanhos desejados. A malha do Tamis tem tamanhos definidos, que produzem pós de diferentes tamanhos: Muito Grosso; Grosso; Moderadamente Grosso; Fino e Muito Fino. Ele também pode ser usado para fazer o controle granulométrico de pós.

Procedimento

  1. Pesa-se o Tamis vazio: nº 40, 60, 70, 80, 100. Anote o resultado de cada um; 
  2. Realiza-se 4 pesagens de 25g de sacarose, obtendo 100g ao final do processo; 
  3. Coloca-se 100g de sacarose no gral com pistilo para fazer a trituração; 
  4. Na base, em contato com o analisador granulométrico, coloca-se o coletor e, em seguida, os tamises. Empilhe os tamises em ordem decrescente (nº do Tamis: 100, 80, 70, 60, 40) no analisador granulométrico; 
  5. Coloca-se a sacarose triturada no primeiro Tamis e liga o analisador granulométrico por 30min; 
  6. Decorrido os 30min, desligue o aparelho e retire os tamises em ordem crescente; 
  7. Pesam-se os tamises cheios.


Analisador Granulométrico
Tamis de nº 40 cheio sendo pesado na balança semi-analítica de prato largo 


Tabela de Cálculo

Nº tamis
Abertura de mallha (mm)
Peso tamis pós equipo (g)
Peso tamis vazio (g)
Peso retido (g)
% retido
% retido x abertura de malha
40
425
460,62
426,22
34,4
35,22
14968,5
60
250
436,88
399,10
37,78
38,68
9670
70
212
413,98
400,65
13,33
13,65
2893,8
80
180
401,42
390,82
10,60
10,85
1953
100
150
384,06
382,50
1,56
1,60
240
Peso da amostra
100g


= 97,67
100%
= 29725,3
Peso do coletor

358,11
355,44
2,67



d= 29725,3 / 100 = 297,253 mm( mm por causa da abertura da malha)

Conclusão

As características físico-químicas relacionadas ao fármaco, tais como tamanho de partícula, forma cristalina e solubilidade, podem influenciar significativamente na velocidade de dissolução e biodisponibilidade das formulações farmacêuticas. Além disso, o conhecimento do tamanho e da distribuição do tamanho de partícula é um pré-requisito fundamental para muitas operações de produção e processamento envolvendo sistemas de materiais particulados.

A distribuição do tamanho de partícula influi significativamente em várias etapas da produção como o transporte, compactação, etc. além de afetar microestrutura do material, influenciando na resistência mecânica, na densidade e nas propriedades térmicas e elétricas dos produtos acabados. Portanto a sua determinação é uma etapa crítica em todos os processos que de alguma maneira envolvam materiais na forma de pós. Caso realizada incorretamente podem ser geradas perdas econômicas decorrentes de produtos de baixa qualidade.

A determinação de valores exatos de tamanho de partícula é extremamente difícil e encontra obstáculos diferentes para cada uma das técnicas. Por esta razão, para medidas de controle de processo a reprodutibilidade passa a ser mais importante; porém no desenvolvimento de novos produtos, a exatidão da análise pode ser fundamental.

Como cada técnica de análise é baseada em princípios físicos diferentes, os resultados obtidos por estas análises podem também ser diferentes. Além disso, os fabricantes de equipamentos de análise usam projetos de construção distintos, o que também pode acarretar em resultados diferentes mesmo entre equipamentos que utilizam o mesmo princípio físico básico.

Fonte

  • Formas farmacêuticas e sistema de liberação de fármacos. Loyd V. Allen Jr et al. 8ª ed. - Porto Alegre: Artmed, 2007. 
  • http://pt.wikipedia.org/wiki/Tamis 
  • http://farmacotecnico.blogspot.com.br/2009/04/granulometria.html

Precisão e Exatidão

Refere-se a todo procedimento em que se mede o volume de um reagente, que é usado para reagir com um analito. Em alguns casos estes termos possuem o mesmo significado, mas no trabalho de análise química são diferentes e precisam estar acompanhados um do outro. Um método, ou uma análise que não contenha erros sistemáticos é dita exata, isto é, seus resultados refletem perfeitamente o valor real do componente em estudo. Mas para que esta análise seja considerada precisa, é necessário que haja uma repetibilidade de seus resultados. Então, uma análise ou um método será exato e preciso quando seus resultados forem corretos e se repetirem, confirmando a realidade de seus dados.

Precisão: 
É uma medida da reprodutibilidade de um resultado. É o grau de variação das medidas que você faz. Ou seja, se você tirar 10 medidas com cada um de dois equipamentos diferentes, o que apresentar menos medidas diferentes é o que terá maior precisão. Ex. se uma grandeza for medida várias vezes e os valores forem muito próximos uns dos outros, a medida é precisa. 


Exatidão: 
Se refere a quão próximo um valor de uma medida está do “valor real”. 
É quando a medida se aproxima da realidade, ou seja, a parte que é constante no erro. Por exemplo, se você tem uma diferença de 2 milímetros em uma régua, com relação ao valor exato, você terá um erro sistemático de 2 milímetros em todas as medidas (desvio máximo do valor exato). Esse valor fornece a exatidão da régua.

Um dado constituinte em um mesmo material é determinado por três métodos diferentes, (a), (b), e (c), onde foram feitas 5 medidas em cada método.


Exemplo: 

  • Você tem que pesar 1g de uma substância, mas ao colocar na balança o produto, você pesou 0,999g. Esse valor foi preciso mas não exato.
  • Ao pesar uma massa de 1 kg, toda vez que for pesada poderá dar um resultado igual a 985g até 1005g, ou seja, ela terá uma precisão 99,5 %.

Resumindo: precisão é a capacidade da balança em fornecer resultados reprodutíveis, mesmo que não sejam corretos e; exatidão é a capacidade que a balança tem de fornecer resultados corretos. Uma boa balança, ou qualquer outro instrumento de medição,  deve ser precisa e exata.


Fonte

  • Análise Química Quantitativa. Harris, Daniel C. 7ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 2011. 
  • http://www.infoescola.com/quimica/precisao-e-exatidao-na-quimica-analitica/ 
  • https://docs.google.com/viewer?a=v&q=cache:zmuzUQIsg-oJ:www.cpact.embrapa.br/eventos/2010/met/palestras/26/261010_PALESTRA3_ADRIANE_NUNES.pdf+&hl=pt&gl=br&pid=bl&srcid=ADGEESjiIcJIFi2b_eDVcqPjOxCh4cyRNZzeBDiU-Jc8KWTYkZ3xKgtaeK6md3eVZWBH8OQMWFLT9VKKjm_kj1N5IJOK2JJz5MeQsMU2zxfAp4LGetJK9jbxyADVqgMF24Zp5qOdKnvn&sig=AHIEtbTySIVoMfKsdYqIC1d_-Nc6U754Qg

Tipos de Água reagente

De acordo com as especificações publicadas pela ACS - American Chemical Society, ASTM-American Society for Testing and Materials, USP-United States Pharmacopeia, NCCLS-National Committee for Clinical Laboratory Standards e CAP-College of American Pathologists, existem os seguintes tipos de água reagente:

1 - Água reagente tipo I
2 - Água reagente tipo II
3 - Água reagente tipo III
4 - Água reagente especial.

ESPECIFICAÇÕES DA ÁGUA REAGENTE 

A água reagente, de acordo com o seu tipo, deve possuir determinadas especificações que são mostradas na Tabela 1.

Tabela 1:
 Água reagente
TIPO I
TIPO II
TIPO III
Bactéria – UFC/ml (a)
10
10.000
N.E.
PH
N.E.
N.E.
5,0/9,0
Resistência específica, megohm/cm a 25 °C (b)
= 10,0
>1,0
>0,1
Condutividade, micromho/cm (a)
= 0,1
<0,5
<10,0
Máximo de silicatos(Si)O2 - mg/l
0,05
0,1
1,0
Metais pesados - mg/l
0,01
0,01
0,01
Substâncias orgânicas – KMnO4 - minutos
60
60
60
CO2 - mg/l
3
3
3

N.E. = Não especificado          (a) – Máximo    (b) – Mínimo     UFC= Unidade formadora de colônias



UTILIZAÇÃO DA ÁGUA REAGENTE

ÁGUA REAGENTE TIPO I

Esta água é a ideal para a utilização geral em Laboratórios Clínicos. Quando obtida por processos adequados e estocada corretamente, não produz nenhuma interferência na preparação dos reagentes ou execução das metodologias mais sofisticadas no Laboratório Clínico.
Sua resistência específica deve ser = 10 megohm/cm. 

ÁGUA REAGENTE TIPO II

Esta água pode ser usada quando a presença de bactérias é tolerada, como nos testes de rotina que não necessitam água reagente do tipo I ou água reagente especial. 
É a água reagente que sempre temos em nossos laboratórios e pode ser usada para dissolver os nossos soros controles, preparar os reagentes e diluir as amostras. 
Sua resistência específica deve ser > 1,0 megohm/cm. 

ÁGUA REAGENTE TIPO III

Pode ser usada para rinsar frascos de vidro ou lavagens preliminares de outros recipientes que necessitem no final, tratamento com água tipo I ou II. Também pode ser utilizada como água original, para a obtenção de água de alto grau de pureza. 
Sua resistência específica deve ser > 0,1 megohm/cm.

ÁGUA REAGENTE ESPECIAL

Deve ser preparada e utilizada quando há necessidade de que sejam removidos determinados contaminantes, de acordo com a utilização proposta. Ex.: água para preparar soluções injetáveis, exames microssomais, HPLC, etc.
Este tipo de água é obtido com a utilização de dois ou mais processos de purificação, que permitam a eliminação de todo e qualquer contaminante da água. Ela não deve conter íons, substâncias orgânicas, silicatos, bactérias ou substâncias em suspensão.

Fonte

  • PROGRAMA NACIONAL DE CONTROLE DE QUALIDADE - http://www.pncq.org.br/participantes/atualizacao_baixo_001.asp

Água para fins farmacêuticos

Considera-se como água para uso farmacêutico os diversos tipos de água empregados na síntese de fármacos, na formulação e produção de medicamentos, em laboratórios de ensaios, diagnósticos e demais aplicações relacionadas à área da saúde, inclusive como principal componente na limpeza de utensílios, equipamentos e sistemas. 
Basicamente existem três tipos de água para uso farmacêutico: a água purificada (AP); a água para injetáveis (API) e a água ultrapurificada (AUP). Compêndios oficiais de outros países ou internacionais especificam, além desses, outros tipos de água, como: acondicionadas em frascos, estéreis ou bacteriostáticas, para irrigação ou inalação. 
Além disso, é importante comentar, também, sobre a água potável e a água reagente, que são amplamente utilizadas e têm aplicação direta em instalações farmacêuticas, principalmente em procedimentos gerais de limpeza. Assim, são considerados os cinco tipos de água a seguir, em relação às suas características principais e as sugestões de aplicação. As monografias específicas, quando disponíveis, detalham os parâmetros de pureza estabelecidos para cada tipo.

Água Potável

Como diretriz fundamental, o ponto de partida para qualquer processo de purificação de água para fins farmacêuticos é a água potável. Essa é obtida por tratamento da água retirada de mananciais, por meio de processos adequados para atender às especificações da legislação brasileira relativa aos parâmetros físicos, químicos, microbiológicos e radioativos, para um determinado padrão de potabilidade e, portanto, não possui monografia específica nesse compêndio. A água potável é empregada, normalmente, nas etapas iniciais de procedimentos de limpeza e como fonte de obtenção de água de mais alto grau de pureza. Pode ser utilizada, também, na climatização térmica de alguns aparatos e na síntese de ingredientes intermediários. 
O controle rigoroso e a manutenção de conformidade dos parâmetros de potabilidade da água são fundamentais, críticos e de responsabilidade do usuário do sistema de purificação que será alimentado. O controle deve ser periódico para garantir que o sistema de purificação utilizado esteja apropriado para as condições da fonte de alimentação e que não houve alteração na qualidade da água fornecida. 
No entanto, a maioria das aplicações requer tratamento adicional da água potável, seja por destilação, deionização, troca iônica, osmose reversa, isolados ou acoplados, ou outro processo adequado para produzir a água purificada, livre da interferência de contaminantes que possam afetar a qualidade dos medicamentos produzidos.

Água Reagente (Milli-Q)

É produzida por um ou mais processos, como destilação simples, deionização, filtração, descloração ou outro, adequados às características específicas de seu uso. Geralmente a água reagente é empregada na limpeza de materiais e de alguns equipamentos e na fase final da síntese de ingredientes ativos e de excipientes. Também, tem aplicação no abastecimento de equipamentos, autoclaves, banho maria e em histologia. Devem ser adotadas medidas para evitar a proliferação microbiana nos pontos de circulação, distribuição e armazenamento. Possui tipo I, II, III e especial.

Água purificada (AP ou PW)

Água purificada é produzida a partir da água potável ou da água reagente e deve atender às especificações estabelecidas na respectiva monografia. Não contém qualquer outra substância adicionada. É obtida por uma combinação de sistemas de purificação, em uma sequência lógica, tais como múltipla destilação; troca iônica; osmose reversa; eletrodeionização; ultra filtração, ou outro processo capaz de atender, com a eficiência desejada, aos limites especificados para os diversos contaminantes. 
É empregada como excipiente na produção de formas farmacêuticas não parenterais e em formulações magistrais, desde que não haja nenhuma recomendação de pureza superior no seu uso ou que não necessite ser apirogênica. Também, pode ser utilizada na lavagem de material, preparo de soluções reagentes, meios de cultura, tampões, diluições diversas, microbiologia em geral, análises clínicas, técnicas por Elisa ou radioimunoensaio, aplicações diversas na maioria dos laboratórios, principalmente em análises qualitativas ou quantitativas menos exigentes (determinações em porcentagem). É utilizada nos ensaios e determinações que indiquem o emprego de água, a não ser que haja especificação em contrário quanto ao nível de pureza requerido, como por exemplo, alguns métodos analíticos instrumentais e análises que exijam água apirogênica ou de pureza química superior. Pode ser empregada em cromatografia a líquido de alta eficiência, quando confirmado que o seu emprego não afeta a exatidão nem a precisão dos resultados. Dependendo da aplicação, pode ser esterilizada, sem necessariamente atingir o limite de endotoxinas bacterianas estabelecido para a Água para Injetáveis.

Água Ultrapurificada (AUP)

A água ultrapurificada possui baixa concentração iônica, baixa carga microbiana e baixo nível de COT. Essa modalidade de água é requerida em aplicações mais exigentes, principalmente em laboratórios de ensaios, para diluição de substâncias de referência, em controle de qualidade e na limpeza final de equipamentos e utensílios utilizados em processos que entrem em contato direto com a amostra que requeira água com esse nível de pureza. É ideal para métodos de análise que exigem mínima interferência e máxima precisão e exatidão. 
A utilização de água ultrapurificada em análises quantitativas de baixos teores de analito é essencial para obtenção de resultados analíticos precisos. Outros exemplos de aplicação da água ultrapurificada são: análises de resíduos, dentre eles os traços de elementos minerais, endotoxinas, preparações de calibradores, controles, substância química de referência, espectrometria de absorção atômica em geral, ICP/IOS, ICP/ MS, espectrometria de massa, procedimentos enzimáticos, cromatografia a gás, cromatografia a líquido de alta eficiência (determinação de resíduos em ppm ou ppb), métodos em biologia molecular e com cultivo celular etc. Deve ser utilizada no momento em que é produzida, ou no mesmo dia da coleta. O laboratório deve utilizar o mesmo tipo de água requerida para a leitura final da análise na preparação das amostras, na obtenção da curva padrão, de controles, preparo de soluções, brancos, lavagem final do material e em toda a vidraria que estará em contato direto com a amostra, sempre que for apropriado.

Água para Injetáveis (API ou WFI)

É utilizada como excipiente na preparação de produtos farmacêuticos parenterais de pequeno e grande volume, na fabricação de princípios ativos de uso parenteral, de produtos estéreis, demais produtos que requeiram o controle de endotoxinas e não são submetidos à etapa posterior de remoção, bem como na limpeza e preparação de processos, equipamentos e componentes que entram em contato com as formas parenterais na produção de fármacos. Essa modalidade engloba, também, a água esterilizada para injeção, utilizada na administração parenteral e a água estéril para injeção, que é embalada em frasco hermético e esterilizada por tratamento de calor. O processo de purificação de primeira escolha é a destilação, em equipamento cujas paredes internas sejam fabricadas em metal apropriado, como o aço inox AISI 316L, vidro neutro ou quartzo. Alternativamente, a API, também, pode ser obtida por processo equivalente ou superior à destilação para a remoção de contaminantes químicos e micro-organismos, desde que seja validado e monitorado quanto aos parâmetros estabelecidos. A água de alimentação deve ser no mínimo, potável e, em geral, necessitará ser pré-tratada para alimentar os equipamentos. O processo é assim especificado em razão da robustez que tais equipamentos apresentam quanto à operação e ao desempenho. 
O sistema de obtenção, distribuição e armazenamento da água deve ser validado e apropriado, de forma a impedir a contaminação microbiana e a formação de endotoxinas bacterianas. Deve atender aos requisitos estabelecidos na monografia específica. O controle será mais rigoroso quando a aplicação for para injetáveis, que não permite a ocorrência de contaminação microbiana, nem de endotoxinas. A adição de um ou mais agentes antimicrobianos à água purificada estéril origina a água bacteriostática estéril, que é empregada como diluente de algumas preparações parenterais, embaladas em doses individuais. 
Outra variedade de água é a água de hemodiálise, que é tratada para obter a máxima redução de contaminantes químicos e microbiológicos. Possui regulamento próprio, com especificações de qualidade e periodicidade específicas para o controle.

A seguir, a tabela com os principais parâmetros para a utilização da água para fins farmacêuticos:


Tipos de Água
 Parâmetros
Água purificada (AP)
Água ultrapurificada (AUP)
Água para injetáveis (API)
Água reagente
Água Potável
Condutividade
De 0,1 a 1,3µ S/cm a 25,0 °C
0,055 a 0,1 a µ S/cm a 25,0° C ± 0,5°C
De 0,1 a 1,3µ S/cm a 25,0 °C
 De 1,0 a 5,0 µ S/cm
Possui legislação específica
Carbono Orgânico Total  (COT)
< 0,50 mg/L
< 0,05 mg/L
< 0,50 mg/L
< 0,20 mg/L

Resistividade
> 1,0 M W -cm
> 18,0 M W-cm
> 1,0 M W -cm
> 0,2 M W-cm

Endotoxinas Bacterianas
< 0,25 UI
< 0,03 UI
< 0,25 UI


Contagem Total de Bactérias
 < 100 UFC/mL
< 1 UFC/100 mL
< 10 UFC/ 100 mL


 Obs:
 Ausência de Pseudomonas
e outros patogênicos
 Ausência de Pseudomonas
e outros patogênicos

Ausência   de:
pseudomonas aeruginosa; Escherichia coli ou coliformes termotolerantes(3)
pH
5 à 7

5 à 7




@cadernofarmacia


Endotoxinas bacterianas: Porção lipopolissacarídea da parede celular de bactérias gram-negativas. O LPS ativa leucócitos circulantes (receptor CD14), que secretam citocinas inflamatórias como IL-1, IL-6, TNF e IL-8. Causam febre, hipotensão, neutrofilia, aumento dos níveis de cortisol e proteina C.



Fonte

  • Farmacopeia Brasileira - ÁGUA PARA USO FARMACÊUTICO, Pág. 391-394., 5ª ed., vol. 2. / Brasília: Anvisa, 2010.