A capacidade dos antibióticos em curar doenças infecciosas anteriormente fatais contribuiu para a ideia de que se trata de "remédios milagrosos" com "poderes" que excedem amplamente os que podem ser atribuídos às suas propriedades farmacológicas reais. Em muitos países europeus, os antibióticos são a segunda classe de medicamentos mais utilizada a seguir aos simples analgésicos. Infelizmente, começamos agora a pagar um preço demasiado alto por esta utilização dos antibióticos. O seu uso excessivo, e em muitos casos inadequado, na medicina humana e veterinária e na agricultura contribuiu para o aumento rápido da prevalência de microrganismos resistentes aos medicamentos. De fato, muitos dos antigos antibióticos tornaram-se seja ineficazes seja menos fiáveis do que antes. Por exemplo, a resistência à penicilina – o anterior tratamento preferido nas infecções provocadas pelo Staphylococcus aureus – está agora banalizado em muitos países.
"-Pssst! Ei garoto! Quer ser uma Superbactéria…? Coloca um desses no teu genoma… mesmo a penicilina não vai te ferir!"
Foi em um atalho pela cozinha do hospital que Albert foi pela primeira vez abordado por um membro da Resistência aos Antibióticos.
A resistência aos antibióticos resulta da transferência de traços genéticos de resistência entre as bactérias da mesma ou de diferentes espécies. Em geral, quanto mais for utilizado um antibiótico específico, maior é o risco de emergência e propagação da resistência contra ele, tornando assim o medicamento cada vez mais inútil. Para evitar essa resistência, foram desenvolvidos novos antibióticos com propriedades químicas semelhantes, mas não idênticas, que se mantiveram eficazes enquanto não emergiu e se propagou a resistência também a estes novos medicamentos.
A consequência mais grave é o aparecimento de novas estirpes bacterianas resistentes a vários antibióticos ao mesmo tempo. As infecções causadas por esses patogêneos resistentes aos multimedicamentos constituem um desafio especial de que resulta um aumento de complicações clínicas e o risco de doenças graves que outrora podiam ser tratadas com sucesso, hospitalizações mais longas e custos significativamente mais elevados para a sociedade. O pior cenário, que infelizmente não é improvável, é que os patogêneos perigosos acabem por ganhar resistência a todos os antibióticos anteriormente eficazes, levando assim a um aumento incontrolado de epidemias causadas por doenças bacterianas que não poderão ser tratadas.
É inevitável a necessidade do desenvolvimento de novos medicamentos para o tratamento eficaz de infecções bacterianas agressivas. Do mesmo modo, é inevitável que sobretudo estes novos medicamentos, mas também os antigos, sejam utilizados mais restritivamente e só por razões clínicas sólidas.
Além disso, muitos antibióticos são compostos químicos estáveis que não se desagregam no corpo e continuam ativos muito tempo depois de terem sido expelidos. Atualmente, os antibióticos dão uma contribuição considerável ao problema cada vez maior das substâncias médicas ativas que circulam no ambiente.
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