O controle de estoque é como a espinha dorsal da
Assistência Farmacêutica – sem ele, todo o organismo pode colapsar. Mais
que uma simples contagem de produtos, representa a garantia de que o
medicamento certo estará disponível no momento certo, para o paciente certo.
Sinais de alerta na gestão de estoque
- Reconhecer os
sintomas de um controle de estoque debilitado é o primeiro passo para uma
intervenção eficaz. Como um bom diagnóstico clínico, identificar estes
sinais precocemente pode evitar complicações maiores:
- Oscilações
frequentes entre excessos e faltas de medicamentos
- Espaço físico
subutilizado ou sobrecarregado
- Monitoramento
insuficiente de itens de alto custo
- Condições
inadequadas de armazenamento comprometendo a estabilidade dos produtos
- Ausência de
inventários periódicos para reconciliação
- Movimentações não
registradas criando "fantasmas" no estoque
- Conferências
superficiais na entrada de mercadorias
- Planejamento
baseado em impressões, não em dados
- Vulnerabilidades
que facilitam desvios
Metodologias que transformam a gestão
Assim como na farmacoterapia, onde selecionamos o
tratamento ideal para cada condição, na gestão de estoque precisamos escolher
as metodologias mais adequadas à nossa realidade:
PEPS: A Arte de Renovar sem Desperdiçar. Como um
fluxo constante que impede a estagnação, o PEPS garante que nenhum medicamento
permaneça tanto tempo que chegue à expiração. Uma dança sincronizada onde quem
chega primeiro, sai primeiro.
Just in Time: Precisão e Economia. Em tempos de recursos escassos, manter apenas o
necessário é sabedoria. Como uma prescrição personalizada, este método fornece
exatamente o que se precisa, quando se precisa.
Curva ABC: Priorização Inteligente. Nem todos os
medicamentos exigem o mesmo nível de atenção. A Curva ABC nos ensina a
direcionar nosso foco como um farmacêutico clínico que prioriza intervenções em
pacientes críticos.
Estoques de Segurança: O Equilíbrio
Necessário. Como uma reserva estratégica que nos protege das incertezas, os
níveis mínimos e máximos estabelecem limites seguros de operação.
Ciclo PDCA: Evolução Contínua. A assistência
farmacêutica está em constante evolução, e assim deve ser nossa gestão. O PDCA
incorpora essa dinâmica ao nosso dia a dia, permitindo aprimoramento contínuo.
FERRAMENTAS NA PRÁTICA DIÁRIA
As ferramentas disponíveis para o controle de estoque são
como os instrumentos em nossa bancada:
Sistemas informatizados oferecem a precisão de um
analisador automático, enquanto controles manuais, quando bem executados, podem
ser tão confiáveis quanto uma titulação cuidadosa. A escolha depende do
contexto, recursos e complexidade da operação.
Resultados de uma gestão eficiente
- Um controle de
estoque bem implementado gera frutos que vão além da organização aparente:
- Otimiza recursos
como um planejamento terapêutico bem desenhado
- Elimina
desperdícios, direcionando recursos para onde realmente importam
- Garante
disponibilidade, essencial para a continuidade do cuidado
- Permite decisões
baseadas em dados, não em intuição
- Protege recursos
públicos ou privados, essenciais para a sustentabilidade do serviço
Monitoramento contínuo: a chave do sucesso
Assim como monitoramos parâmetros clínicos em nossos
pacientes, devemos acompanhar regularmente:
- Padrões de consumo
e suas variações sazonais
- Níveis de estoque
em relação aos parâmetros estabelecidos
- Demandas não
atendidas, que sinalizam necessidades de ajuste
- Mudanças em
protocolos clínicos que possam impactar o consumo
Um bom controle de estoque não é destino, mas jornada – um
processo de melhoria contínua que se adapta às mudanças do cenário sanitário,
às novas tecnologias e às necessidades da população assistida.
Ao dominar essa dimensão da assistência farmacêutica,
transcendemos o papel de meros dispensadores para nos tornarmos verdadeiros
gestores do cuidado, assegurando que o ciclo assistencial se complete com
eficiência e qualidade.
Referências Bibliográficas
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- LIMA, R. S. et al. Gestão de estoque e o método Curva ABC: estudo em uma farmácia do Sistema Único de Saúde. Revista Brasileira de Farmácia Hospitalar e Serviços de Saúde, v. 10, n. 4, p. 416, 2019.
- MARIN, N. et al. Assistência Farmacêutica para Gerentes Municipais. Rio de Janeiro: OPAS/OMS, 2003.
- RENOVATO, R. Curva ABC, PEPS, ERP: Qual a melhor estratégia para sua empresa? Voit Consultoria, 12 fev. 2025. Disponível em: https://voitconsultoria.com.br/curva-abc-peps-erp-qual-a-melhor-estrategia/. Acesso em: 19 mar. 2025.
- RODRIGUES, D. A. et al. Análise dos métodos de controle de estoque utilizados nas farmácias hospitalares no Brasil. Brazilian Journal of Development, v. 6, n. 5, p. 28789-28806, 2020.
- SÃO PAULO. Assistência Farmacêutica Municipal: Diretrizes para Estruturação e Processos de Organização. 2. ed. São Paulo: Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo, 2010.
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