Medicamentos nas residências: uma arma contra o cidadão e um risco para o meio ambiente.

Medicamentos a vencer ou sem utilidades, pensamos que deve ser dispensados no lixo comum, e é feito pela maioria da população. Os medicamentos vencidos ou não podem ser interpretados como uma arma por estar matando pessoas lentamente ou rapidamente, pois o Brasil é um país com índice de intoxicação por medicamentos superior a agrotóxicos e por animais peçonhentos e temos que cuidar um pouco desta situação.

A maior preocupação com relação a estes medicamentos vencidos é o caminho que ele faz até chegar à água. O medicamento chega em casa também por córregos, a lagoa ou infiltrado no solo atingindo o lençol freático devido o incorreto descarte. O medicamento deveria ser encarado hoje com consciência para descarte onde exista uma forma correta, verdadeira e instituída, de forma segura fora das nossas casas. Hoje, ele é jogado em lixo comum embalados, vencidos e os meio utilizados por abandono do tratamento ou por sobras que são jogados no lixo comum, ou ainda colocados na pia com água corrente por hábito para não jogar no lixo por falta de conhecimento ou ainda dar descarga no vaso sanitário deste medicamento, tendo contato com nossa água contaminando-a por via esgoto diretamente.

Nosso organismo, quando ingerimos um medicamento ou produto químico ele faz um caminho, que é entrar e ser absorvido como fármaco, passando por todo nosso organismo faz as ações que deve fazer, é metabolizado, vai para o fígado, vai para os rins sendo eliminado, esta seria a cinética do medicamento, e após parte é combinada com outros produtos químicos e parte sai do jeito que entrou, ou seja um antibiótico é excretado do corpo através das fezes, lágrima, urina, suor pois o fármaco não fica para sempre no organismo. Assim, não é só jogando diretamente na água que a contaminamos, mas também a contaminamos pelas vias excretórias naturais. Por isso o uso racional do medicamento. 

Na rede de tratamento de água, na represa, córrego ou rio a água é captada passando por processo de Decantação onde são colocados produtos químicos nesta água que agrega partículas menores em partículas maiores que descem ao fundo (decantação da água). Após a água é filtrada onde a água sai limpa seguindo para adição de sistema químico como cloro e Flúor para limpeza de microorganismos que saem dos reservatórios direto para nossas casas. Em todo este processo, que acontece no mundo inteiro, observamos que não há retirada de produtos químicos presentes na água como hormônios, produtos químicos despejados na água, isso é um alerta pois nós que temos este conhecimento devemos disseminar esta informação para que as outra pessoas saibam do por que estamos preocupados com o descarte de medicamentos. 

Quando abrimos a torneira da nossa casa, temos a água potável que aparentemente é limpa, isenta de microrganismos, porém com antibióticos, hormônios, antiinflamatórios e toda esta carga de agrotóxicos que são jogados pela população. Não visualizamos os medicamentos presentes nesta água. Quando dizemos que a água do planeta está acabando, é uma grande mentira, nossa água não acaba nunca, mas é uma grande verdade que uma água limpa, pura e descontaminada , é que está chegando ao fim pois quase já não existe no mundo água isenta de produto químico. Estes produtos que são jogados na água fazem todo o processo para chegada em nossas casas, seja os medicamentos descartados incorretamente no lixo comum, no vaso sanitário ou na pia de casa, todos chegarão a água. Esta água será captada e estaremos ingerindo água contaminada com produtos químicos. Ou seja, a cada copo de água tomado estamos ingerindo sair minerais, hormônios, antibióticos e outros produtos indesejáveis.

Quando falamos em medicamentos vencidos pensamos em farmácia, hospitais, clínicas onde o medicamento está postado, mas pelo contrário, isso é aproximadamente 20% do montante dos produtos vencidos. É uma minoria os presentes nestes locais. A maioria como pouco mais de 80% estão nas residências, estes produtos estão dentro das nossas casas como uma arma, esperando para ser jogada fora para atingir a nossa água. Mais de 70% das pessoas não se importaram ou não se importam neste assunto, as pessoas acham que é um exagero e não querem saber, mas o poder público (vereadores, prefeitos, governadores) devem ter a verdadeira noção do que falamos e a preocupação em proteger o ambiente do que será dado aos nossos filhos, netos e a nós mesmos. Quando você joga um produto destes na água, no lixo ou em qualquer lugar você está se auto contaminando, pois ele vai embora por um tempo, mas ele voltará para casa.

POR QUE OCORRE SOBRA DE MEDICAMENTOS NAS RESIDÊNCIAS?

Brasileiros gostam de comprar medicamentos para estocar em casa, a Anvisa na RDC 44 proibiu a disponibilidade dos medicamentos como supermercado, não se pode mais pegar a “cestinha” e comprar tudo o que acha que falta em casa, pois o brasileiro gosta de comprar medicamentos para estoque em casa. Além disso, há farmácias que continuam com a prática da “empurroterapia” que são especialistas em vender para melhoria de suas comissões. Os farmacêuticos ainda estão um pouco afastados da linha de frente da farmácia para evitar estes “especialistas em empurroterapia”, que deveria ser uma prática abolida das farmácias por que não é vender muito, mas sim fazer com que as pessoas entrem na farmácia pelo trabalho que ela faz e não pela “empurroterapia” que ela apresenta para o cidadão.

Por que sobra medicamentos?
Temos a lei do fracionamento de medicamentos que é uma lei importantíssima que a pessoa somente levaria para casa a quantidade necessária para o tratamento. Terminou o tratamento, terminou o comprimido para não ocorrer sobras que futuramente serão descartadas no ambiente pelo cidadão. As indústrias ainda não são obrigadas a produzir as embalagens fracionáveis , vendido por unidades, pois não é o dono da farmácia ou o farmacêutico que são os responsáveis por isso, que irão cortar os medicamentos em quantidade como solicitado na receita, ele somente pode fazer este fracionamento na farmácia se houver a dispensação de fracionáveis onde deverá vir com número de lote, validade, nome do medicamento para todos, mas isso ainda não é validado apesar de a lei já ter sido aprovada, mas esta pratica ainda não existe em nosso país. A necessidade da atenção farmacêutica para adesão ao tratamento, quando o médico prescreve um medicamento e dá um prazo para o cidadão doente tomar, a pessoa normalmente começa a tomar o medicamento mas no 2º ou 3º dia em que apresenta melhoras, a pessoa para de tomá-lo, tendo consequências mais grave a resistência bacteriológica a este medicamento. Sendo que há necessidade da correta prescrição por médicos, dentistas e médicos veterinários, evitando sobras. Além disso, a população deve perder o hábito da automedicação.

Medicamentos na água
O medicamento quando em contato com a água se dilui. Mesmo havendo grande quantidade de água em pequena quantidade de antibióticos presente na água serão diluídos, e há as bactérias em contato com estes antibióticos, gerando as superbactérias. Estamos próximos de grandes epidemias causadas por infecções não tratáveis por medicamentos nenhum, pois as indústrias não conseguem acompanhar o desenvolvimento e o crescimento destas resistências bacterianas.  Novos antibióticos são produzidos e as bactérias já estão resistentes aos antibióticos em estudo.

CONSEQUÊNCIAS

A contaminação dos lençóis freáticos pela infiltração destes medicamentos que vão para o lixo, as águas pluviais por efluentes não tratadas serão contaminadas, e a atmosfera pelos gases que são colocadas no ar que são contaminadas pelos gases na queda de chuva na precipitação pluviométrica também contaminarão o solo e vão atingir nossas casas. A fertilidade do solo começa a ser afetada, as nossas plantas e o crescimento da agricultura serão contaminados através de agrotóxicos e medicamentos que também são trazidos pela chuva, aparecimento de problemas de saúde como alergias e outras doenças que cada vez aparecem em grande quantidade pela ação silenciosa destes produtos ingeridos todos os dias, aparecimento de bactérias de múltiplas resistências e a incapacidade de a indústria acompanhar este crescimento.

A SOLUÇÃO

  • O estabelecimento de políticas e conscientização da população sobre o uso racional de medicamentos, não somente da população mas de médicos e profissionais de saúde e políticos também para que entendam a importância da seriedade para ação neste assunto.
  • Que os governos e prefeituras abram Postos de coleta voluntária para retirada de medicamentos das residências e recolhimento adequado, que devem estar nas mãos de farmacêuticos para que sejam tratados de forma diferenciada de pilhas, óleos etc. E como idéia poderiam ser descartados nas próprias farmácias.
  • Destinação correta para este medicamento, que deve ser colocado em incineração que não é somente jogar no forno ou em uma caldeira qualquer, mas em fornos apropriados para reduzir os medicamentos a 3% de cinzas para serem levadas a aterros sanitários apropriados longe de nossas vias e para não contaminação do solo.

(Ronaldo Abrão - presidente do CRF/MS)




FONTE

- http://www.portaleducacao.com.br/palestras/detalhes-palestra/51/medicamentos-nas-residencias-uma-arma-contra-o-cidadao-e-um-risco-para-o-meio-ambiente

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