A partir do 2º semestre, gestantes serão vacinadas contra coqueluche


A vacina deve começar a ser ministrada a partir do segundo semestre. A chamada DTPa (vacina tríplice acelular que protege contra difteria, tétano e coqueluche) é a única vacina contra coqueluche que pode ser administrada de maneira segura em adultos. A vacina DTP tradicional e a vacina pentavalente, que inclui a DTP, só podem ser administradas até os seis anos de idade.

O Brasil ainda não fabrica a vacina. De acordo com o ministério, a produção mundial é pequena, mas estão sendo feitos acordos com laboratórios internacionais para iniciar um processo de aquisição, envolvendo a possibilidade de transferência de tecnologia. Ainda segundo o órgão, o aumento de casos da doença faz parte de uma tendência que está sendo observada na Europa e nos Estados Unidos desde 2010.

O esquema vacinal ainda não foi definido, ou seja, o calendário de vacinação, o período de gestação recomendado para receber a dose e quantas doses serão necessárias para garantir a prevenção.

Coqueluche


De 2011 a 2012, o número de casos confirmados de coqueluche quase dobrou no país. Foram notificados 4.553 casos, 85% em crianças com menos de um ano de vida. Setenta e quatro bebês morreram no ano passado vítimas da doença. A principal forma de prevenção é a vacinação, que só é realizada a partir dois meses de vida, com doses complementares aos quatro e aos seis meses, chamada pentavalente.

Por isso, o Ministério da Saúde resolveu alterar a estratégia de imunização e incorporar um novo tipo de vacina ao calendário das gestantes. O objetivo é que os bebês já nasçam protegidos, por conta dos anticorpos que são transferidos da mãe para o feto, evitando que eles contraiam a doença até que completem o esquema básico de vacinação.
O que é?
A coqueluche é uma doença infecciosa causada por uma bactéria chamada Bordetella pertussis que compromete especificamente o aparelho respiratório (traqueia e brônquios), e se caracteriza por crises de tosse seca. Por isso, também é conhecida como tosse comprida.

Como se pega?
A transmissão ocorre, principalmente, pelo contato direto com a pessoa doente, por meio de gotículas de secreção expelidas ao tossir, falar ou espirrar. É raro, mas a transmissão também pode ocorrer por objetos contaminados com secreções do doente.

Quais são os principais sintomas?
Os sintomas variam conforme a fase da doença. São três etapas sucessivas. A primeira inicia-se com manifestações respiratórias e sintomas leves, que podem ser confundidos com uma gripe: febre, coriza, mal-estar e tosse seca. Em seguida, começam os acessos de tosse seca contínua. Na fase aguda, os acessos de tosse são finalizados por inspiração forçada e prolongada, vômitos que provocam dificuldade de beber, comer e respirar. Na recuperação, as crises são de tosse comum. Bebês menores de seis meses são os mais propensos a apresentar formas graves da doença, que podem causar desidratação, pneumonia, convulsões, lesão cerebral e levar à morte.

Como prevenir?
A principal forma de prevenção é a vacinação. São três doses ministradas na primeira infância, aos dois, quatro e seis meses de vida. A imunização está incluída na pentavalente, que também protege contra Difteria, Tétano, Hemófilos e Poliomielite.

Como é tratada?
Com um antibiótico do tipo eritromicina, a ser indicado por um profissional de saúde.

Fonte


  • http://www.ebc.com.br/infantil/para-pais/2013/02/coqueluche-entenda-a-doenca
  • http://www.ebc.com.br/infantil/para-pais/2013/02/a-partir-de-junho-gestantes-serao-vacinadas-contra-coqueluche
  • Ministério da Saúde.

O sangue Humano

Uma imagem de microscópio eletrônico
de varredura da circulação normal do sangue humano
O sangue é um tecido conjuntivo líquido, produzido na medula óssea vermelha, que flui pelas veias, artérias e capilares sanguíneos dos animais vertebrados e invertebrados. O sangue é um dos três componentes do sistema circulatório, os outros dois, são o coração e os vasos sanguíneos. Talvez a característica que melhor distingue o sangue dos outros tecidos conjuntivos é o fato de ele possuir uma matriz extracelular abundante, o plasma, também chamado de parte líquida, que compõe cerca de 55 % do volume, ao passo que o restante, referente às células e partes de células, e por isso chamada de elementos figurados (de figures: conta, números), constitui cerca de 45 % do sangue.

Funções

Ele é responsável pelo transporte de substâncias (nutrientes, oxigênio, gás carbônico e toxinas), regulação e proteção de nosso corpo.


Composição do sangue


Como se pode perceber observando a figura ao lado, o sangue possui dois componentes: 

  1. Plasma:  responsável por 55% do volume sanguíneo, é a parte líquida, correspondente à matriz extracelular do tecido, onde as células estão imersas. É uma solução contendo 92 % de água, daí a importância de sempre nos mantermos hidratados ingerindo bastante líquido. Nos 8% restantes encontramos: oxigênio, glicose, proteínas, hormônios, vitaminas, gás carbônico, sais minerais, aminoácidos, lipídios, uréia, etc.
  2. Elementos figurados (de figures: conta, números) responsáveis por aproximadamente 45% do volume sanguíneo, é a parte sólida, constituída de células e plaquetas:
  • Os glóbulos vermelhos, também conhecidos como hemácias ou eritrócitos, são as células vermelhas do sangue,  cuja função principal é o transporte de oxigênio ligado à hemoglobina, proteína contendo Ferro, que ao ser oxidado, quando o O2 se liga a ele para ser transportado, adquire coloração avermelhada (procure uma barra de ferro velha pela rua e você verá que as porções oxidadas, “enferrujadas” também têm coloração alaranjada/avermelhada). Em mamíferos, durante o processo de diferenciação, essas células perdem o núcleo, de forma a adquirir um formato bicôncavo, mais delgado, e aumentar a área de superfície em relação ao volume, facilitando as trocas gasosas. Essas células duram aproximadamente 120 dias, após isso, são repostas pela medula óssea. Normalmente encontram-se na proporção de 4-6×106/mm3 de sangue. Denomina-se anemia a condição na qual o indivíduo têm um número reduzido de eritrócitos e/ou apresenta dificuldades em transportar o O2.
  • glóbulos brancos, também chamados de leucócitos, são responsáveis pela defesa de nosso corpo (defesa imunitária). Eles protegem nosso organismo contra a invasão de microorganismos indesejados (vírus, bactérias e fungos). Normalmente encontram-se na proporção de 5-6×103/mm3 de sangue. Pessoas cujo sistema imunitário não é capaz de combater microrganismos patogênicos adequadamente são ditas imunodeficientes. Isso pode ser devido a defeitos genéticos nas células ou insuficiência de células. Um exemplo é a AIDS, na qual o vírus HIV ataca e destrói os linfócitos T CD4+, comprometendo grandemente a eficiência das respostas imunes. 
  • As plaquetas: são fragmentos de células chamadas megacariócitos, presentes no sangue, e têm como função principal promover a coagulação (solidificação) do sangue a fim de evitar hemorragias, por exemplo. Elas geralmente agem quando os vasos sanguíneos sofrem danos. Um exemplo simples é o caso de uma picada de agulha, onde observa-se uma pequena e ligeira perda de sangue que logo é estancada, isto ocorre graças ao tampão plaquetário. Normalmente encontram-se na proporção de 2,5-4×105/mm3 de sangue. Pessoas que apresentam o processo de coagulação deficiente são ditas hemofílicas. Essa é uma condição genética e comumente se deve à incapacidade de produzir uma das proteínas envolvidas no processo de coagulação, o chamado fator VIII. Como o gene que codifica o fator VIII está localizado no cromossomo X e os homens só têm um X, a proporção de hemofílicos é muito maior nas pessoas do sexo masculino.

Fonte

Principais infecções associadas ao câncer

Atualmente, há evidências suficientes de que alguns tipos de vírus, bactérias e parasitos associados a infecções crônicas estão presentes no processo de desenvolvimento do câncer. No mundo, estima-se que 18% dos casos de câncer se devam a agentes infecciosos, percentual que os coloca, ao lado do fumo, como os mais importantes agentes cancerígenos, com destaque para o papilomavírus humano (HPV), o Helicobacter pylori, os vírus das hepatites B e C.

A prevenção de algumas infecções evitaria 26% dos casos de câncer no mundo em desenvolvimento.

A tabela abaixo apresenta os principais agentes cuja evidência de potencial carcinogênico é considerada adequada pela International Agency for Research on Cancer (IARC), a unidade da OMS para pesquisa em câncer, com sede na França.

Principais infecções associadas ao câncer
Agente  Tipo de câncer
Papilomavírus humano (HPV)  Carcinoma cervical
Helicobacter pylori (HP)  Carcinoma gástrico
Linfoma gástrico
Vírus da hepatite B (HBV); Vírus da Hepatite C (HCV)  Hepatocarcinoma
Vírus Epstein- Barr Linfoma de Burkitt Vírus Epstein- Barr Linfoma de Burkitt
Linfoma de Hodgkin
Carcinoma de nasofaringe
Herpes vírus tipo 8 (HHV8)  Sarcoma de Kaposi
Vírus T-linfotrópico humano tipo I (HTLV-I)  Linfoma de Células T do adulto
Opisthorchis viverrini Carcinoma de vias biliares
Schistosoma haematobium  Carcinoma de bexiga
 @cadernofarmacia


Fonte

  • http://www1.inca.gov.br/situacao/arquivos/causalidade_infeccao_cancer.pdf

Seja um doador de órgãos. Seja um doador de vidas

A carência de doadores de órgãos é ainda um grande obstáculo para a efetivação de transplantes no Brasil. Mesmo nos casos em que o órgão pode ser obtido de um doador vivo, a quantidade de transplantes é pequena diante da demanda de pacientes que esperam pela cirurgia. A falta de informação e o preconceito também acabam limitando o número de doações obtidas de pacientes com morte cerebral. Com a conscientização efetiva da população, o número de doações pode aumentar de forma significativa. Para muitos pacientes, o transplante de órgãos é a única forma de salvar suas vidas.

"Doar não é um tabu. Conte para sua família. Conte com sua família". 

Para ser um doador de órgãos hoje, o principal passo a ser tomado é conversar com a sua família e deixar bem claro o seu desejo. Não é necessário deixar nada por escrito, nem a necessidade de um registro formal no RG ou CNH. Porém, os familiares devem se comprometer a autorizar a doação por escrito após a morte. A doação de órgãos é um ato pelo qual você manifesta a vontade de que, a partir do momento da constatação da morte encefálica, uma ou mais partes do seu corpo (órgãos ou tecidos), em condições de serem aproveitadas para transplante, possam ajudar outras pessoas. 

Lei sobre transplante de órgãos

A Lei que dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante é a Lei 9.434, de 04 de fevereiro de 1997, posteriormente alterada pela Lei nº 10.211, de 23 de março de 2001, que substituiu a doação presumida pelo consentimento informado do desejo de doar.
Segundo a nova Lei, as manifestações de vontade à doação de tecidos, órgãos e partes do corpo humano, após a morte, que constavam na Carteira de Identidade Civil e na Carteira Nacional de Habilitação, perderam sua validade a partir do dia 22 de dezembro de 2000. Isto significa que, hoje, a retirada de órgãos/tecidos de pessoas falecidas para a realização de transplante depende da autorização da família. Sendo assim, é muito importante que uma pessoa, que deseja após a sua morte, ser uma doadora de órgãos e tecidos comunique à sua família sobre o seu desejo, para que a mesma autorize a doação no momento oportuno.

Para ser doador é preciso:

  • Ter identificação e registro hospitalar;
  • Ter a causa do coma estabelecida e conhecida;
  • Não apresentar hipotermia (temperatura do corpo inferior a 35ºC), hipotensão arterial ou estar sob efeitos de drogas depressoras do Sistema Nervoso Central;
  • Passar por dois exames neurológicos que avaliem o estado do tronco cerebral. Esses exames devem ser realizados por dois médicos não participantes das equipes de captação e de transplante;
  • Submeter o paciente a exame complementar que demonstre morte encefálica, caracterizada pela ausência de fluxo sangüíneo em quantidade necessária no cérebro, além de inatividade elétrica e metabólica cerebral;
  • Estar comprovada a morte encefálica. Situação bem diferente do coma, quando as células do cérebro estão vivas, respirando e se alimentando, mesmo que com dificuldade ou um pouco debilitadas.
Observação: Após diagnosticada a morte encefálica, o médico do paciente, da Unidade de Terapia Intensiva ou da equipe de captação de órgãos deve informar de forma clara e objetiva que a pessoa está morta e que, nesta situação, os órgãos podem ser doados para transplante.

O que pode ser doado:

  • Cartilagem (retirados do doador até seis horas depois da parada cardíaca);
  • Coração (retirado do doador antes da parada cardíaca e mantido fora do corpo por no máximo seis horas);
  • Córneas (retiradas do doador até seis horas depois da parada cardíaca e mantidas fora do corpo por até sete dias);
  • Fígado (retirado do doador antes da parada cardíaca e mantido fora do corpo por no máximo 24 horas);
  • Sangue;
  • Medula óssea (se compatível, feita por meio de aspiração óssea ou coleta de sangue);
  • Pele(retirados do doador até seis horas depois da parada cardíaca);
  • Ossos (retirados do doador até seis horas depois da parada cardíaca e mantidos fora do corpo por até cinco anos);
  • Pâncreas (retirado do doador antes da parada cardíaca e mantido fora do corpo por no máximo 24 horas);
  • Pulmão (retirados do doador antes da parada cardíaca e mantidos fora do corpo por no máximo seis horas);
  • Rins (retirados do doador até 30 minutos após a parada cardíaca e mantidos fora do corpo até 48 horas);
  • Valvas Cardíacas.
Também existe a doação de órgãos ainda vivo. O médico poderá avaliar a história clínica da pessoa e as doenças anteriores. A compatibilidade sanguínea é primordial em todos os casos. Há também testes especiais para selecionar o doador que apresenta maior chance de sucesso. Os doadores vivos são aqueles que doam um órgão duplo como o rim, uma parte do fígado, pâncreas ou pulmão, ou um tecido como a medula óssea, para que se possa ser transplantado em alguém de sua família ou amigo. Este tipo de doação só acontece se não representar nenhum problema de saúde para a pessoa que doa.

Para doar órgãos em vida é necessário:

  • Ser um cidadão juridicamente capaz;
  • Estar em condições de doar o órgão ou tecido sem comprometer a saúde e aptidões vitais;
  • Apresentar condições adequadas de saúde, avaliadas por um médico que afaste a possibilidade de existir doenças que comprometam a saúde durante e após a doação;
  • Querer doar um órgão ou tecido que seja duplo, como o rim, e não impeça o organismo do doador continuar funcionando; " Ter um receptor com indicação terapêutica indispensável de transplante; e 
  • Ser parente de até quarto grau ou cônjuge. No caso de não parentes, a doação só poderá ser feita com autorização judicial.

Órgãos e tecidos que podem ser doados em vida:

  • Fígado (apenas parte dele, em torno de 70%);
  • Medula óssea (se compatível, feita por meio de aspiração óssea ou coleta de sangue);
  • Pâncreas;
  • Pulmão (apenas parte dele, em situações excepcionais); 
  • Rim.

Impedimentos para a doação:

  • Pacientes portadores de insuficiência orgânica que comprometa o funcionamento dos órgãos e tecidos doados, como insuficiência renal, hepática, cardíaca, pulmonar, pancreática e medular; 
  • Portadores de doenças contagiosas transmissíveis por transplante, como soropositivos para HIV, doença de Chagas, hepatite B e C, além de todas as demais contra-indicações utilizadas para a doação de sangue e hemoderivados;
  • Pacientes com infecção generalizada ou insuficiência de múltiplos órgãos e sistemas; e
  • Pessoas com tumores malignos - com exceção daqueles restritos ao sistema nervoso central, carcinoma basocelular e câncer de útero - e doenças degenerativas crônicas. 

Fonte

  • http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=23628
  • http://noticias.r7.com/saude/ministerio+da+saude+lanca+campanha+para+incentivas+doacao+de+orgaos-27092012

Tipos de Água reagente

De acordo com as especificações publicadas pela ACS - American Chemical Society, ASTM-American Society for Testing and Materials, USP-United States Pharmacopeia, NCCLS-National Committee for Clinical Laboratory Standards e CAP-College of American Pathologists, existem os seguintes tipos de água reagente:

1 - Água reagente tipo I
2 - Água reagente tipo II
3 - Água reagente tipo III
4 - Água reagente especial.

ESPECIFICAÇÕES DA ÁGUA REAGENTE 

A água reagente, de acordo com o seu tipo, deve possuir determinadas especificações que são mostradas na Tabela 1.

Tabela 1:
 Água reagente
TIPO I
TIPO II
TIPO III
Bactéria – UFC/ml (a)
10
10.000
N.E.
PH
N.E.
N.E.
5,0/9,0
Resistência específica, megohm/cm a 25 °C (b)
= 10,0
>1,0
>0,1
Condutividade, micromho/cm (a)
= 0,1
<0,5
<10,0
Máximo de silicatos(Si)O2 - mg/l
0,05
0,1
1,0
Metais pesados - mg/l
0,01
0,01
0,01
Substâncias orgânicas – KMnO4 - minutos
60
60
60
CO2 - mg/l
3
3
3

N.E. = Não especificado          (a) – Máximo    (b) – Mínimo     UFC= Unidade formadora de colônias



UTILIZAÇÃO DA ÁGUA REAGENTE

ÁGUA REAGENTE TIPO I

Esta água é a ideal para a utilização geral em Laboratórios Clínicos. Quando obtida por processos adequados e estocada corretamente, não produz nenhuma interferência na preparação dos reagentes ou execução das metodologias mais sofisticadas no Laboratório Clínico.
Sua resistência específica deve ser = 10 megohm/cm. 

ÁGUA REAGENTE TIPO II

Esta água pode ser usada quando a presença de bactérias é tolerada, como nos testes de rotina que não necessitam água reagente do tipo I ou água reagente especial. 
É a água reagente que sempre temos em nossos laboratórios e pode ser usada para dissolver os nossos soros controles, preparar os reagentes e diluir as amostras. 
Sua resistência específica deve ser > 1,0 megohm/cm. 

ÁGUA REAGENTE TIPO III

Pode ser usada para rinsar frascos de vidro ou lavagens preliminares de outros recipientes que necessitem no final, tratamento com água tipo I ou II. Também pode ser utilizada como água original, para a obtenção de água de alto grau de pureza. 
Sua resistência específica deve ser > 0,1 megohm/cm.

ÁGUA REAGENTE ESPECIAL

Deve ser preparada e utilizada quando há necessidade de que sejam removidos determinados contaminantes, de acordo com a utilização proposta. Ex.: água para preparar soluções injetáveis, exames microssomais, HPLC, etc.
Este tipo de água é obtido com a utilização de dois ou mais processos de purificação, que permitam a eliminação de todo e qualquer contaminante da água. Ela não deve conter íons, substâncias orgânicas, silicatos, bactérias ou substâncias em suspensão.

Fonte

  • PROGRAMA NACIONAL DE CONTROLE DE QUALIDADE - http://www.pncq.org.br/participantes/atualizacao_baixo_001.asp

Água para fins farmacêuticos

Considera-se como água para uso farmacêutico os diversos tipos de água empregados na síntese de fármacos, na formulação e produção de medicamentos, em laboratórios de ensaios, diagnósticos e demais aplicações relacionadas à área da saúde, inclusive como principal componente na limpeza de utensílios, equipamentos e sistemas. 
Basicamente existem três tipos de água para uso farmacêutico: a água purificada (AP); a água para injetáveis (API) e a água ultrapurificada (AUP). Compêndios oficiais de outros países ou internacionais especificam, além desses, outros tipos de água, como: acondicionadas em frascos, estéreis ou bacteriostáticas, para irrigação ou inalação. 
Além disso, é importante comentar, também, sobre a água potável e a água reagente, que são amplamente utilizadas e têm aplicação direta em instalações farmacêuticas, principalmente em procedimentos gerais de limpeza. Assim, são considerados os cinco tipos de água a seguir, em relação às suas características principais e as sugestões de aplicação. As monografias específicas, quando disponíveis, detalham os parâmetros de pureza estabelecidos para cada tipo.

Água Potável

Como diretriz fundamental, o ponto de partida para qualquer processo de purificação de água para fins farmacêuticos é a água potável. Essa é obtida por tratamento da água retirada de mananciais, por meio de processos adequados para atender às especificações da legislação brasileira relativa aos parâmetros físicos, químicos, microbiológicos e radioativos, para um determinado padrão de potabilidade e, portanto, não possui monografia específica nesse compêndio. A água potável é empregada, normalmente, nas etapas iniciais de procedimentos de limpeza e como fonte de obtenção de água de mais alto grau de pureza. Pode ser utilizada, também, na climatização térmica de alguns aparatos e na síntese de ingredientes intermediários. 
O controle rigoroso e a manutenção de conformidade dos parâmetros de potabilidade da água são fundamentais, críticos e de responsabilidade do usuário do sistema de purificação que será alimentado. O controle deve ser periódico para garantir que o sistema de purificação utilizado esteja apropriado para as condições da fonte de alimentação e que não houve alteração na qualidade da água fornecida. 
No entanto, a maioria das aplicações requer tratamento adicional da água potável, seja por destilação, deionização, troca iônica, osmose reversa, isolados ou acoplados, ou outro processo adequado para produzir a água purificada, livre da interferência de contaminantes que possam afetar a qualidade dos medicamentos produzidos.

Água Reagente (Milli-Q)

É produzida por um ou mais processos, como destilação simples, deionização, filtração, descloração ou outro, adequados às características específicas de seu uso. Geralmente a água reagente é empregada na limpeza de materiais e de alguns equipamentos e na fase final da síntese de ingredientes ativos e de excipientes. Também, tem aplicação no abastecimento de equipamentos, autoclaves, banho maria e em histologia. Devem ser adotadas medidas para evitar a proliferação microbiana nos pontos de circulação, distribuição e armazenamento. Possui tipo I, II, III e especial.

Água purificada (AP ou PW)

Água purificada é produzida a partir da água potável ou da água reagente e deve atender às especificações estabelecidas na respectiva monografia. Não contém qualquer outra substância adicionada. É obtida por uma combinação de sistemas de purificação, em uma sequência lógica, tais como múltipla destilação; troca iônica; osmose reversa; eletrodeionização; ultra filtração, ou outro processo capaz de atender, com a eficiência desejada, aos limites especificados para os diversos contaminantes. 
É empregada como excipiente na produção de formas farmacêuticas não parenterais e em formulações magistrais, desde que não haja nenhuma recomendação de pureza superior no seu uso ou que não necessite ser apirogênica. Também, pode ser utilizada na lavagem de material, preparo de soluções reagentes, meios de cultura, tampões, diluições diversas, microbiologia em geral, análises clínicas, técnicas por Elisa ou radioimunoensaio, aplicações diversas na maioria dos laboratórios, principalmente em análises qualitativas ou quantitativas menos exigentes (determinações em porcentagem). É utilizada nos ensaios e determinações que indiquem o emprego de água, a não ser que haja especificação em contrário quanto ao nível de pureza requerido, como por exemplo, alguns métodos analíticos instrumentais e análises que exijam água apirogênica ou de pureza química superior. Pode ser empregada em cromatografia a líquido de alta eficiência, quando confirmado que o seu emprego não afeta a exatidão nem a precisão dos resultados. Dependendo da aplicação, pode ser esterilizada, sem necessariamente atingir o limite de endotoxinas bacterianas estabelecido para a Água para Injetáveis.

Água Ultrapurificada (AUP)

A água ultrapurificada possui baixa concentração iônica, baixa carga microbiana e baixo nível de COT. Essa modalidade de água é requerida em aplicações mais exigentes, principalmente em laboratórios de ensaios, para diluição de substâncias de referência, em controle de qualidade e na limpeza final de equipamentos e utensílios utilizados em processos que entrem em contato direto com a amostra que requeira água com esse nível de pureza. É ideal para métodos de análise que exigem mínima interferência e máxima precisão e exatidão. 
A utilização de água ultrapurificada em análises quantitativas de baixos teores de analito é essencial para obtenção de resultados analíticos precisos. Outros exemplos de aplicação da água ultrapurificada são: análises de resíduos, dentre eles os traços de elementos minerais, endotoxinas, preparações de calibradores, controles, substância química de referência, espectrometria de absorção atômica em geral, ICP/IOS, ICP/ MS, espectrometria de massa, procedimentos enzimáticos, cromatografia a gás, cromatografia a líquido de alta eficiência (determinação de resíduos em ppm ou ppb), métodos em biologia molecular e com cultivo celular etc. Deve ser utilizada no momento em que é produzida, ou no mesmo dia da coleta. O laboratório deve utilizar o mesmo tipo de água requerida para a leitura final da análise na preparação das amostras, na obtenção da curva padrão, de controles, preparo de soluções, brancos, lavagem final do material e em toda a vidraria que estará em contato direto com a amostra, sempre que for apropriado.

Água para Injetáveis (API ou WFI)

É utilizada como excipiente na preparação de produtos farmacêuticos parenterais de pequeno e grande volume, na fabricação de princípios ativos de uso parenteral, de produtos estéreis, demais produtos que requeiram o controle de endotoxinas e não são submetidos à etapa posterior de remoção, bem como na limpeza e preparação de processos, equipamentos e componentes que entram em contato com as formas parenterais na produção de fármacos. Essa modalidade engloba, também, a água esterilizada para injeção, utilizada na administração parenteral e a água estéril para injeção, que é embalada em frasco hermético e esterilizada por tratamento de calor. O processo de purificação de primeira escolha é a destilação, em equipamento cujas paredes internas sejam fabricadas em metal apropriado, como o aço inox AISI 316L, vidro neutro ou quartzo. Alternativamente, a API, também, pode ser obtida por processo equivalente ou superior à destilação para a remoção de contaminantes químicos e micro-organismos, desde que seja validado e monitorado quanto aos parâmetros estabelecidos. A água de alimentação deve ser no mínimo, potável e, em geral, necessitará ser pré-tratada para alimentar os equipamentos. O processo é assim especificado em razão da robustez que tais equipamentos apresentam quanto à operação e ao desempenho. 
O sistema de obtenção, distribuição e armazenamento da água deve ser validado e apropriado, de forma a impedir a contaminação microbiana e a formação de endotoxinas bacterianas. Deve atender aos requisitos estabelecidos na monografia específica. O controle será mais rigoroso quando a aplicação for para injetáveis, que não permite a ocorrência de contaminação microbiana, nem de endotoxinas. A adição de um ou mais agentes antimicrobianos à água purificada estéril origina a água bacteriostática estéril, que é empregada como diluente de algumas preparações parenterais, embaladas em doses individuais. 
Outra variedade de água é a água de hemodiálise, que é tratada para obter a máxima redução de contaminantes químicos e microbiológicos. Possui regulamento próprio, com especificações de qualidade e periodicidade específicas para o controle.

A seguir, a tabela com os principais parâmetros para a utilização da água para fins farmacêuticos:


Tipos de Água
 Parâmetros
Água purificada (AP)
Água ultrapurificada (AUP)
Água para injetáveis (API)
Água reagente
Água Potável
Condutividade
De 0,1 a 1,3µ S/cm a 25,0 °C
0,055 a 0,1 a µ S/cm a 25,0° C ± 0,5°C
De 0,1 a 1,3µ S/cm a 25,0 °C
 De 1,0 a 5,0 µ S/cm
Possui legislação específica
Carbono Orgânico Total  (COT)
< 0,50 mg/L
< 0,05 mg/L
< 0,50 mg/L
< 0,20 mg/L

Resistividade
> 1,0 M W -cm
> 18,0 M W-cm
> 1,0 M W -cm
> 0,2 M W-cm

Endotoxinas Bacterianas
< 0,25 UI
< 0,03 UI
< 0,25 UI


Contagem Total de Bactérias
 < 100 UFC/mL
< 1 UFC/100 mL
< 10 UFC/ 100 mL


 Obs:
 Ausência de Pseudomonas
e outros patogênicos
 Ausência de Pseudomonas
e outros patogênicos

Ausência   de:
pseudomonas aeruginosa; Escherichia coli ou coliformes termotolerantes(3)
pH
5 à 7

5 à 7




@cadernofarmacia


Endotoxinas bacterianas: Porção lipopolissacarídea da parede celular de bactérias gram-negativas. O LPS ativa leucócitos circulantes (receptor CD14), que secretam citocinas inflamatórias como IL-1, IL-6, TNF e IL-8. Causam febre, hipotensão, neutrofilia, aumento dos níveis de cortisol e proteina C.



Fonte

  • Farmacopeia Brasileira - ÁGUA PARA USO FARMACÊUTICO, Pág. 391-394., 5ª ed., vol. 2. / Brasília: Anvisa, 2010.